Aquela Marra

Fazia birra. Fazia drama. Teimava. Se jogava em mil desculpas pra conseguir tudo aquilo que queria. Gritava, esperniava, se acabava de chorar. Era a menininha do papai.E que menininha marrenta!Fazia um verdadeiro espetáculo. E todos sempre a viam como mimada, chata, teimosa. E de fato, ela era.Mas ela também podia agir como uma princesa. Criava castelos, andava descalça, desenhava corações no ar e vivia sonhando com o príncipe.E não era submissa de maneira nenhuma. Cuidava das bonecas, mas também ia trabalhar fora. Dava ordens e procurava sempre mostrar quem mandava. Ditava as regras e coitado de quem não as obedecesse. Fazia o jantar e colocava todos para experimentar.E lavar os pratos. Ainda por cima, era “mãe solteira”.Cantava para as suas “filhas” dormirem. Todas com nome e sobrenome, aliás. Muitas vezes fazia verdadeiros shows de rock, se aplaudia, agradecia o público. Ia dar entrevista depois, na frente do espelho, descabelada. Se maquiava, borrava tudo, desfilava.A alegria da casa.Pra ela, o mundo cabia na mão e nada era impossível.Que maravilha pensar assim.Que maravilha agir assim.Que maravilha ser criança.(Parabéns para todos aqueles, que assim como eu, tem vontade de ser Peter Pan, muitas vezes