segunda-feira, 20 de maio de 2013

Meu querido fusca azul.

Querido nós não precisamos mais da brisa quente e sufocante. Faremos nossa mala, recolheremos nossos trapinhos, escolheremos os veludos, os mais macios. O sol ainda não se pôs, mas dá tempo de correr e deixar de ser figurante, dá tempo de ver o sol se pôr. Não precisamos nos sentir pressionados, me dê um beijo e obrigada, não precisamos ter pressa e nem esperar. Vamos juntar cada verso meu, e nos controlar, estamos deixando esse fundo vazio e escuro, diremos ''Olá'' ao paraíso, o paraíso que não é imaginário, e ele nos receberá com seus belos olhos tilintantes e com um lindo traço sorridente. Vamos correr, mais rápido, eu quero sentir a brisa quente e mal cheirosa desaparecer, eu quero sair desse fundo, cinzento, essa imensa tigela chata e desgastante, eu quero ver o pôr do sol, vamos sair correndo, sem dizer tchau e sem beijar as rosas deixadas na cama ainda quente e úmida. Dá para escutar os meus sussurros sobre a gente? Ou eu sou louca, ou o seu cheiro ficou em mim, você pode ir embora agora... Oh, não, não vá! Quem irá dirigir o meu querido fusca azul? Quem vai fugir comigo da tigela cinza?  Se fores embora,  meu corpo ficará como um refil velho e esquecido mas que precisa ser reposto. Mas sem problema, ser figurante desta história, é típico do meu eu. Vamos ter cuidado, se me deixares no canto do carro eu mordo você.
 Estamos chegando, e o paraíso está tão próximo, onde está a brisa cinzenta e mau cheirosa? Esse ar brilhante que entra e devolve vida aos nossos pulmões, imagine que cena feliz? Nada de brisas escuras, não perderíamos o tão querido pôr do sol de quinta feira, querido não se queixe das nossas rosas deixadas na cama, elas murcharão como qualquer ser vivo. Agora vê se dá para escutar, a canção dos nossos corações pulsando? Fazemos planos e contra-planos, não se sinta pressionado, quero só um beijo e obrigado. Se for embora, eu vou me virar, mas quem vai dirigir o meu  fusca azul? Após o pôr do sol eu mudo até o meu eu por você, mas o refil precisa ser reposto. Nada de clichê, mas vamos escutar a canção que está sussurrando    para a gente, ela está aqui! Dentro do nosso pedacinho de carne, e, só pra saber, antes que o público se enjoe, você me beija no final? Quando tudo isso acabar, deixaremos os mesmos trapinhos aqui, e  procuraremos novas rosas, elas aquecerão nosso lugar, os lençóis continuarão úmidos, e depois secarão... Vamos ter uma despedida em baixo do pé de uma árvore qualquer, para dar ao público um gostinho de final feliz comum e típico. Mas que final? ... Voltaremos para a tigela cinza e desgastante, mas volte comigo, ou então quem irá dirigir o meu fusca azul?

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