sábado, 12 de maio de 2012

O Sorriso Torto

A minha maior mágoa é que eu nunca fui completamente sincera. Nem com ninguém,
nem comigo e nem com os meus textos. Metade das coisas que escrevo, coloco mais
coisa do que realmente existe. Sempre tive essa necessidade de fazer tempestade
por algo tão pequeno, tão insignificante que depois, quando passa, perco total
interesse. Eu nunca escrevi um texto sobre você. Escrever, já escrevi vários
textos sobre você. Mas nunca, nunquinha, um que expressasse o que eu realmente
sinto. E hoje eu quero escrever sobre isso. Há alguns meses, eu te olhava e dizia que
me apaixonava todas as vezes que eu te via. Me apaixonava por uma olhada. Uma palavra perdida que pudesse
matar a minha carência. Ou qualquer coisa que te colocasse como o garoto
perfeito. Eu fui criando tantas expectativas sobre você, que no final só me
restou a expectativa e não você. E talvez tenha sido por isso que
eu não te reconheci quando tudo veio à tona. E que eu tenha te achado um idiota
que deveria queimar nos quintos dos infernos. Talvez você seja e mereça isso,
mas não pelos meus motivos. Os meus motivos foram coisas que somente eu queria
ver sobre você. Você, que eu sempre gostei tanto, hoje só mostra o nada que
sempre foi. Porque você nunca foi nada do que eu pensava que fosse. E eu senti
tanto nojo quando você apareceu de verdade pra mim, que precisei vomitar todas
as coisas bonitas que engoli. Senti nojo de mim, mas principalmente de você.
Porque eu te vi da forma que você realmente é. E eu não gostei disso. Não do
estranho que apareceu. E talvez seja por isso que eu comecei a ser grossa com
você. Porque você não era a pessoa que eu queria. Você é uma pessoa completamente estranha para mim, e eu
não sei lidar com você porque eu não te conheço. E fica como se todo o amor que
eu sentia por você tivesse morrido sem ter sobrado absolutamente nada. Te
transformando em nada. Até hoje, em que eu te vi pela primeira vez da forma que
você é. Eu te olhei hoje
sem sentir o meu coração disparar ou o meu rosto ficar vermelho. Foi a primeira
vez que te olhei sem vergonha por ser a garota que sou. E eu pude rir, falar e
ser quem eu sou sem me importar com o seu olhar por perto. Sem me importar com
você, e todos os efeitos que você causa em mim. Eu literalmente te larguei de
mim, sem nem me importar com isso. E quando te olhei pela primeira vez, sem ser
por um miléssimo de segundo, eu notei o seu sorriso torto. E pude me sentir bem
com ele. E pensei o quanto eu gostaria de ve-lô pelos próximos dez minutos ou 7
anos da minha vida. Marcela Rodrigues.

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